Defende associação portuguesa do sector
A criação de equipas de mediação de conflitos nas escolas pode resolver casos de violência escolar e detectar situações de violência doméstica, defendeu hoje o presidente da Associação Portuguesa de Mediadores de Conflitos
Segundo Bruno Caldeira, por vezes, os conflitos nas escolas podem surgir na sequência de situações de violência doméstica e a mediação pode ser importante na detecção destes casos e no seu encaminhamento, podendo ser desempenhada por um professor, um auxiliar ou até mesmo por um aluno.
A associação está a desenvolver um projecto-piloto com a Fundação para o Desenvolvimento Comunitário (Cebi), que consiste na criação de um gabinete de mediação para a comunidade em geral e de um programa de mediação escolar. O projecto, a três anos, visa encontrar respostas internas para a resolução dos problemas, adiantou Bruno Caldeira.
"Já começámos com a fase de sensibilização dos directores de turma e agora vamos iniciar a formação de professores, seguindo-se os auxiliares, pais e alunos", explicou. A formação de alunos com técnicas de mediação, por exemplo, permite ajudar no espaço escolar em conflitos interpares, acrescentou o especialista.
A importância da mediação será o tema a abordar por Bruno Caldeira no encontro "A Educação Contra a Violência Doméstica", que decorre quarta-feira na Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular.
Promovida pela Estrutura de Missão contra a Violência Doméstica, a iniciativa visa pensar formas de diagnosticar e prevenir situações de violência doméstica e, simultaneamente, delinear estratégias de intervenção, em contexto escolar, a partir de experiências de boas práticas.
Maria José Maya, professora e autora do livro "A Autoridade do Professor", partirá de um caso concreto que lhe chegou ao serviço de psicologia e orientação da escola onde trabalha para falar do sistema nacional de acompanhamento de situações de violência doméstica.
Em declarações à agência Lusa, Maria José Maya alertou para a necessidade de ser feito um trabalho em rede com várias valências (Saúde, Justiça, Educação) e sugeriu a criação de gabinetes de modelo idêntico ao da Loja do Cidadão para o atendimento de casos de Violência Doméstica. "Não é possível enviar uma pessoa vítima de agressão de instituição para instituição, obrigando-a a contar a mesma história dolorosa vezes sem conta", vincou.
O gabinete com todas as áreas, explicou, poderia também ter um protocolo com um centro de saúde para que a vítima pudesse ser vista por um médico no momento em que apresenta a queixa, evitando assim mais uma deslocação.
Em 2005, foram denunciados 18 mil casos de violência doméstica à PSP e à GNR, representando um acréscimo de sete mil incidentes desde 2000.
in Publico On-Line
26.10.2006
26 outubro 2006
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